24 de nov. de 2021

OS DEMÔNIOS QUE DORMEM EM MIM

 

Por André Bozzetto Junior

 

            Além das belezas naturais e arquitetônicas que lhe conferem o status de uma das cidades mais bonitas do Brasil, Florianópolis possui, assim como qualquer outra metrópole, seu lado obscuro, sinistro e – por que não dizer – maléfico. Se o lado belo é facilmente identificado nas praias, na Ponte Hercílio Luz e no charme clássico do Mercado Público, por exemplo, o lado sombrio requer maior sutileza de percepção para ser observado, pois não está necessariamente fixado em um lugar, mas sim perambulando pelas mais diversas ruas e bairros, impregnado nos corações obscuros de quem carrega em si a marca da maldade.

            É nesta categoria de indivíduos que podemos incluir Ricardo e Juliano, dois jovens de 19 e 18 anos respectivamente. Oriundos de famílias de classe média-alta, se conheceram ao frequentar uma turma do 1º Ano do Ensino Médio de uma tradicional escola particular da cidade. Frequentavam o colégio de manhã – onde tinham má reputação, pelas seguidas reprovações e pelos frequentes envolvimentos em casos de mau comportamento – e passavam as tardes jogando videogame, assistindo séries de TV baixadas da internet e fumando maconha, valendo-se da ausência – e negligência – dos pais que, como trabalhavam muito, compensavam a falta de atenção com dinheiro e regalias. No início da noite, a dupla ia até uma academia, onde praticava musculação e Muay Thai. Após a atividade física, os rapazes perambulavam pelos bares do centro da cidade, azarando garotas, bebendo cerveja e fumando mais maconha. Com pequenas variações, esta era a rotina mantida por eles naquela época.

            As coisas começaram a mudar em uma chuvosa madrugada de sábado, onde, ao saírem de uma festa em que haviam cheirado muita cocaína – algo que até então faziam apenas de vez em quando – Ricardo e Juliano se dirigiram em meio a provocações e risadas até o local onde estava estacionado o carro do segundo. Chegando ao veículo, encontraram um mendigo – nitidamente embriagado – escorado no mesmo enquanto tentava acender um cigarro debaixo da fina garoa que caia no momento.

          – Sai daqui, seu merda! – gritou Ricardo, derrubando o mendigo ao chão com um forte empurrão – Vai sujar o carro com essa bunda suja!

            – Ái, seu viado! – exclamou o indigente ao cair na calçada.

            Em um átimo, Ricardo ergueu-o pela gola da camisa e tornou a derrubá-lo com um soco no rosto, que o deixou quase desacordado.

            Nesse instante, os dois jovens se entreolharam e algo impetuoso e maléfico falou em seus corações. Imediatamente, voltaram a erguer o mendigo do chão e, aproveitando-se do fato de a rua estar deserta, passaram a espancá-lo brutalmente, revezando-se em atingi-lo com os golpes que costumavam praticar na academia.

            Mais tarde, já no carro, enquanto se dirigiam para casa, os dois rememoravam a agressão, sentindo nisso um prazer sádico e uma empolgação perversa como até então não haviam vivenciado.

             – Você viu o gancho de esquerda que acertei na cara dele?! – perguntou Ricardo, em meio a risadas empolgadas – Garanto que uns dois ou três dentes se foram com aquele golpe!

            – E a minha cotovelada giratória?! – retrucou Juliano, quase largando a direção para reencenar o golpe – Voou sangue para todo lado!

            E assim, como em um repulsivo rito de passagem, os jovens descobriram uma forma de elevar o seu inconsequente hedonismo a um novo patamar, dando vazão ao que havia de mais hediondo nos recônditos de suas almas. A partir daquele fato, quase todas as semanas passaram a ter uma noite destinada a essa repulsiva diversão: um coquetel de álcool e cocaína como introdução, para culminar no espancamento gratuito de algum habitante das ruas, sendo que, entre as muitas opções, geralmente a escolha recaia sobre mendigos, prostitutas ou travestis.

            Contando com a impunidade, o novo hábito foi se intensificando com o passar do tempo. Com o aumento no consumo de cocaína, as ausências e a piora no desempenho escolar deixavam uma nova reprovação em iminência. Ricardo – que desconhecia totalmente o fato de possuir uma mediunidade latente – passou a ter pesadelos recorrentes, dos quais não se lembrava com clareza ao despertar, mas que lhe deixavam com uma sensação de fraqueza e angústia que diminuía com a ingestão de entorpecentes, mas só passava totalmente após a catarse sangrenta de uma nova sessão de espancamento. Era um alívio temporário, todavia, e no dia seguinte o sentimento incômodo estava de volta, pior do que no dia anterior. Chegou a um ponto em que as agressões passaram a ocorrer em mais de uma noite por semana. Às vezes duas vítimas eram atacadas em uma mesma madrugada.

            Aqui é o momento de introduzirmos um novo personagem, chamado Josias. Alcoólatra e pervertido sexual, em meados da década de 90 ele perdeu o emprego no ramo de construção civil em função das sucessivas faltas motivadas pela embriagues, e foi mandado embora de casa após anos de agressões e abusos à esposa e às filhas. Passou então a viver nas ruas, geralmente vagando pelas imediações da Praça XV de Novembro, mendigando ou ganhando alguns trocados ajudando a descarregar caminhões no Mercado Público e estabelecimentos circundantes, dinheiro este que era rapidamente gasto com cachaça e prostitutas de rua. Não raras vezes Josias agredia as mulheres após o ato sexual – em alguns casos até com golpes de faca – e o fazia por puro prazer doentio. Essa conduta de vida degradante, aliada a uma perversidade natural e uma sensibilidade mediúnica jamais compreendida, fizeram com que a aura e a psicosfera de Josias fossem, ao longo do tempo, se impregnado cada vez mais de energias deletérias e miasmas astrais que se tornaram um convite irrecusável para entidades obsessoras que, como uma horda trevosa, se fixou em seu decadente campo energético e passou a segui-lo por todo lugar, incentivando psiquicamente seus atos repulsivos e com eles se comprazendo.

            Foi este mesmo cambaleante Josias – já com mais de 60 anos de idade – que deu de cara com Ricardo e Juliano em uma noite de sexta-feira, ao dobrar uma esquina próxima à Praça XV de Novembro. Inicialmente, os rapazes estavam seguindo uma prostituta que passara por ali, mas, assim que avistaram o velho mendigo, o foco de seu interesse mudou. Na verdade, o que aconteceu foi que as entidades trevosas que circundavam Josias imediatamente reconheceram nos rapazes um padrão energético muito semelhante e se sentiram atraídas, principalmente por Ricardo que, em função de sua condição mediúnica, exsudava abundante fluído vital de seu corpo etéreo, já devidamente impregnado de miasmas maléficos. Com essa identificação, a atração mútua foi imediata.

            Minutos depois, quando corria ao lado de Juliano deixando para trás o mendigo estirado na calçada em uma poça de sangue, Ricardo sentiu a euforia e o êxtase habitual da circunstância, mas sentiu também algo diferente que não sabia exatamente como definir – a sensação de que algo havia mudado, a impressão de que uma energia diferente passava a ganhar força em seu interior… No plano extrafísico, ele tinha agora novas companhias.

            Josias, por sua vez, foi levado entre a vida e a morte ao Pronto-socorro. Apesar das condições deploráveis de seu corpo, que nunca mais se recuperaria totalmente, ele sentia, no estado de semiconsciência em que se encontrava, como se estivesse intimamente melhor do que jamais se sentira em anos. Era uma espécie de alívio, como se o brutal espancamento a que fora submetido tivesse o poder purificador de amenizar o fardo que maculava sua alma…

        Para Ricardo, a partir desta noite as coisas saíram definitivamente de controle. A sensação de pesadelo era praticamente permanente. Bastava fechar os olhos para que vultos disformes e ameaçadores passassem a rondar o seu entorno. Vozes eram ouvidas o tempo inteiro, ora dando risadas, ora incentivando as mais abomináveis atitudes e por vezes fazendo ameaças. O consumo de álcool e cocaína aumentava drasticamente, mas nada resolvia. A sensação era de que apenas ir para as ruas e fazer o sangue de algum incauto jorrar era o que aliviaria a pressão.

            Juliano percebeu a mudança no amigo e ficou preocupado, principalmente quando ele passou a exigir que saíssem “para caçar” praticamente todas as noites, sugerindo inclusive que fizessem isso de dia, em bairros mais ermos. Acreditou que era o excesso de drogas que estava tornando o companheiro psicótico e, como todas as sugestões para ter cautela e pegar mais leve não surtiam resultado, decidiu se afastar por um tempo, como medo de que alguma atitude idiota acabasse revelando a verdade aos pais.

            Passou-se mais de uma semana sem que Juliano tornasse a ver Ricardo, pois este simplesmente não apareceu mais na escola. Diziam que estava doente. Certa tarde, porém, Ricardo ligou para a sua casa, exigindo a presença do amigo. Juliano logo percebeu que o colega estava muito transtornado e tentou inventar uma desculpa para não ir até o apartamento do outro, mas como este insistiu, inclusive ameaçando procura-lo em sua própria casa se fosse necessário, acabou concordando. Seria melhor assim do que correr o risco de aquele maluco aparecer em um horário em que seus pais estivessem presentes, ferrando com tudo.

            Faltava pouco para o entardecer quando Juliano chegou ao apartamento de Ricardo. Ele sabia que naquele horário o amigo estava sozinho, pois os pais estavam trabalhando e a irmã mais nova no cursinho de inglês. Como a porta estava aberta, foi entrando lentamente e de imediato se sentiu invadido por uma sensação incômoda, pois havia no local uma estranha atmosfera, tão opressiva e ameaçadora que chegava a ser quase palpável. Todos os cômodos estavam com as janelas e cortinas fechadas, de forma que a penumbra conferia um aspecto ainda mais sinistro ao local.

            Ao se aproximar do quarto de Ricardo, Juliano teve dificuldades para vislumbrar qualquer coisa, pois a única luminosidade do aposento vinha da tela do computador que se encontrava ligado sobre a escrivaninha. Seu coração disparou quando ele começou a ouvir uma voz sussurrada vinda lá de dentro:

            – Demônios… Vampiros… Espíritos do mal…

         Tremulamente, Juliano empurrou a porta e viu, em meio à penumbra, Ricardo encolhido, sentado no chão, no canto do quarto. Ele parecia estar nu.

            – Ectoplasma… Eles querem meu ectoplasma… – balbuciava Ricardo.

            – Do que você está falando, cara? – questionou Juliano ao entrar lentamente no quarto, tentando não demonstrar estar apavorado.

          – Eu li na internet – disse Ricardo, apontando para o computador – Acho que os espíritos do inferno querem sugar meu ectoplasma…

            – Ecto… Ecto, o que? – indagou Juliano.

           – Ectoplasma, seu burro! Eles querem me sugar, me chupar todinho!

            – Cara, você está precisando de ajuda!

            – Estou mesmo! – concordou Ricardo, abrindo os braços em um gesto como se pedisse um abraço.

            – Meu Deus! – gritou Juliano, apavorado, ao perceber que os braços do amigo estavam cheios de cortes e sujos de sangue.

            – Ah, é o sangue? – disse Ricardo, ao olhar para os próprios braços, como se tivesse demorado a entender a razão do espanto do amigo – O sangue os aquieta… Faz eles se acalmarem…

            – Cara, você precisa de um médico! – gritou Juliano, já com lágrimas nos olhos.

            – Psiu! – retrucou Ricardo, colocando o dedo entre os lábios, em sinal de silêncio – Assim você vai acordá-los! Eles estão dormindo!

            – Onde… Onde estão dormindo? – perguntou Juliano, olhando ao redor desconfiadamente.

            – Em mim. – respondeu Ricardo, apontando para o próprio peito, onde mais marcas de cortes eram visíveis – Eles dormem em mim.

            Prestes a entrar em pânico, Juliano começou a andar lentamente na direção do corredor.

            – Já está quase anoitecendo. – disse Ricardo, levantando e avançando na direção do amigo – Sempre piora durante a noite. Você vai me ajudar a conseguir mais sangue para acalmá-los?

            Juliano finalmente cedeu ao pavor e saiu correndo. Parecia tão transtornado ao passar pela guarita na entrada do condomínio que Valcir, o porteiro, chegou a segui-lo até a calçada para perguntar o que estava acontecendo. Porém, o enlouquecido rapaz se pôs a atravessar a rua correndo, sem olhar para lado algum e, após desviar milagrosamente de um carro que vinha da direita, foi atingido por um ônibus que vinha da esquerda.

            Valcir correu para socorrê-lo e logo viu que a situação era grave. Várias pessoas desceram do ônibus e vieram da calçada fotografando tudo com seus celulares. Antes mesmo da chegada dos paramédicos ou da polícia, jornalistas já estavam no local e, na manhã seguinte, um popular periódico da cidade teria estampado na sessão policial a foto de Valcir amparando um jovem ensanguentado no meio da rua, o que o tornaria uma espécie de celebridade no seu bairro.

            O caso só não tomou dimensões ainda maiores porque, cerca de duas horas depois de Juliano ser levado em estado grave ao hospital, um novo acontecimento no mesmo prédio abafou completamente a relevância do primeiro. Valcir recebeu uma ligação de moradores pedindo que chamasse a polícia, pois algo sério estava acontecendo no quarto andar. E estava mesmo. Um rapaz chamado Ricardo, que os vizinhos diziam ser usuário de drogas, surtou e atacou a mãe e a irmã com uma faca assim que elas chegaram em casa. Felizmente não foram feridas com gravidade. O jovem foi levado sedado ao hospital. Depois, decerto seria internado em uma clínica de reabilitação, embora alguns moradores dissessem que ele deveria ser preso.

            Valcir já tinha visto Juliano e Ricardo juntos e sabia que eles tinham algo em comum. Seria só o vício em drogas? Ele achava que não. Acreditava que havia algo mais, alguma coisa que não sabia explicar – mas que certamente era maléfica – relacionada àqueles rapazes. Por via das dúvidas, do dia seguinte em diante, passou a manter uma estatueta de São Jorge no canto do balcão da sua guarita, a quem dedicava uma oração no início de cada turno de trabalho.

            – Com certas coisas rondando por aí à noite, só mesmo com a proteção de Santo Forte. – dizia ele, fazendo o sinal da cruz.

 

 

* Conto publicado originalmente em 2016, no blog perdido.co, sob o pseudônimo de André Caboclo.

4 de nov. de 2021

O QUADRO MISTERIOSO

 

Por Maria Ferreira Dutra

 

    31 de outubro era festa de aniversário do Mário e celebração de festa de Halloween.

    A comemoração acontecia em um salão temático. Mario completará seus oito aninhos e como em todas as festas, as crianças ganham presentes, entre vários recebidos, ele ganhou um quadro, mas não era um quadro qualquer era um, esse tinha a figura de um personagem alegre e cabelos coloridos, seu macacão, a sua maquiagem e a sua bota chamava muito a atenção pelo seu colorido. Mario, como era vidrado em palhaço, e já havia desenhado muitos com chapéu sentiu falta daquele não ter.

    Era uma pintura de palhaço muito simples. Mario agradeceu o presente e foi curtir a festa.

    Depois que a festa acabou por volta das vinte horas todos foram para casa, Mario levou seus presentes para o quarto e ficou por lá mesmo. A falta do chapéu na pintura, o incomodava, achava que era o que faltava para ser uma obra perfeita.

    Mario então abriu o seu estojo de pinturas e começou a dar mais detalhes na pintura fazendo então o faltoso chapéu e assim ele o colocou para secar na sua estante.

    Satisfeito com o resultado ele desceu as escadas, foi até a mãe e a perguntou quem havia o dado o quadro.

    A mãe não sabia, mas perguntaria depois no grupo do zap dos amigos caso ninguém perguntasse se o filho havia gostado do quadro.

    Mario não comentou a mudança que ele fez no quadro. Foi até a cozinha bebeu um copo d'água deu boa noite para os pais e foi dormir.

    No meio do sono teve um sonho esquisito. Sonhou que o palhaço do seu quadro tirava o chapéu e  gargalhava para ele. As risadas eram maléficas. Mario acordou com o coração batendo acelerado acendeu a luz olhou para o quadro na estante e voltou a dormir. Ao pegar no sono sentiu-se desconfortável pois o sonho invadiu a sua mente de novo e ele acordou novamente.

    Mario desceu correndo as escadas para contar aos seus pais que pela a primeira vez em sua vida ele estava com medo de palhaço.

    Ao chegar no quarto dos pais não encontrou ninguém.  Chamou por toda parte da casa e nenhum dos dois responderam. Mario foi até a sala para pegar o telefone fixo e ligar para a mãe, mas ao se aproximar do aparelho que ficava numa estante, viu seu quadro e olhou bem de perto e seus pais estavam lá pintados com o palhaço.
 
    Ele recuou assustado e se  perguntou quem havia pintado aquela imagem, pois naquela casa só quem gostava de artes era ele.

    Mario continuou a chamar pelos pais e quando ia saindo ouviu gritos distantes de socorro. Mario chamou pela mãe novamente.

    — Mãe! É você mãe!? Eu ouvi a sua voz bem longe você está me ouvindo? Está precisando de ajuda?

    Um sussurro e estado novamente e Mario olhou para o quadro e as posições já eram outras o palhaço segurava a boca da mãe. Mario percebeu que  seus pais estavam presos naquele  quadro, mas como ele os tiraria de lá.
 
    Mario voltou em seu quarto e tentou agir o mais depressa possível. Pegou um quadro do mesmo tamanho do qual ele havia ganhado desenhou os seus pais em sua cama e em outro quadro desenhou o palhaço dentro de uma caixa e sem o chapéu. A imagem do quadro que ele ganhou foi se desfazendo pouco a pouco até ficar uma tela branca.

    Mario ouviu o miado do seu gato descendo as escadas, ele se chamava "Pé de bola", roçou o corpo em suas pernas e foi até o quarto dos donos Mario foi atrás. O gato pulou na cama acordando os donos.
 
    Rita se assustou com o gato e só ver o filho em pé do lado da cama, perguntou o motivo pelo qual ele não estava dormindo.

    — Nada não mamãe. Eu só estava com saudade daquela época em que eu dormia grudadinho com vocês. Eu posso ficar hoje aqui, só hoje como quando eu ainda era um bebê?

    — Claro meu filho deite do nosso lado. Vai ficar meio apertado mas ficaremos bem coladinhos.

    — Mãe!

    — O que foi meu filho?

    — A senhora acredita em assombração ?

    — O quê filho!?

    — Nada não. Se eu te contar a senhora não vai acreditar.

    — Boa noite.

    Ao amanhecer Mario colocou o quadro na caçamba do carro de lixo para o caminhão levar.

    Ninguém nunca mais soube como seus pais foram parar lá e Mario nunca teve coragem de contar essa história para os outros com vergonha de virar chacota.
 
 
Ilustração: Maria Ferreira Dutra
Edição de Imagem: André Bozzetto Jr