Por Renato Rosatti
Caminhando entre as ruínas de uma
pequena cidade no início desse século, o jovem Anderson Souza, de 25 anos de
idade, observava ao seu redor uma brutal devastação, muitos corpos
estraçalhados ou carbonizados em meio à destroços e um odor fétido de morte
emanando dos cadáveres podres que foram massacrados. Ele estava ali, dois dias
após a carnificina, observando a destruição total de uma cidade que não mais
existia. A pequena vila no Estado de Goiás, interior central do Brasil, estava
agora inexplicavelmente morta. O jovem parecia hipnotizado ao visualizar os
escombros a sua volta, pensando estar vivendo um terrível pesadelo, onde a
morte reinava soberana e satisfeita com sua vitória. Mas tudo era real. E nem o
forte cheiro desagradável de putrefação proveniente da decomposição da carne
parecia afetá-lo.
Aquela
era a sua cidade, mas ele não sabia o que havia acontecido. Estava ausente há
duas semanas, acampado nas montanhas muito longe dali, descansando e pescando
solitariamente. Ao retornar, encontrou tudo aniquilado e esmagado de maneira
impiedosa.
“Seria
uma guerra?”, pensou. “Provavelmente não, pois não existem armas tão poderosas
capazes de tamanha destruição”, concluiu.
Os
destroços não pareciam terem sido causados pelas armas convencionais que Anderson
conhecia.
Retomou
a caminhada, agindo instintivamente, pisoteando escombros e restos de cadáveres
que um dia foram seus amigos. Em certo ponto, ouviu um gemido agonizante
próximo e localizou um homem ainda consciente entre as ruínas. Correu em sua direção
e o pegou nos braços. O pobre homem não tinha uma das pernas e o sangue lhe
cobria todo o corpo. Estava morrendo há dois longos dias. Delirando, balbuciou
algumas palavras utilizando suas últimas forças:
-
Cuidado! Eles podem voltar!
Mais
alguns instantes se passaram e o homem morreu.
O
rapaz prosseguiu a jornada pensando nas palavras finais de agonia de um homem à
espera da morte. “O que será que ele queria dizer com Eles podem voltar!?”
Após
caminhar por cerca de meia hora na cidade fantasma, o jovem repentinamente
avistou no céu um estranho objeto de formato discoide repleto de luzes
sobrevoando à baixa altitude a pequena vila, algo nunca visto antes. Depois
apareceram muitos outros iguais, rompendo o silêncio da morte com o ruído de
motores em funcionamento. O rapaz fugiu em desespero, sem entender nada,
correndo por sua vida, tomado de medo e pavor.
Ao
olhar novamente para o céu, seu espanto não tinha dimensões após avistar uma
gigantesca espaçonave exatamente sobre sua cabeça. O imenso disco pairava acima
da pequena cidade destruída, não muito longe do solo. Ele então viu que as
primeiras naves entravam e saíam dessa outra enorme.
Agora
Anderson, mergulhado em agonia, pensou estar totalmente insano perante o que
via a sua volta.
Eram
seres alienígenas que preparavam um novo ataque. Suas intenções não pacíficas
consistiam numa invasão em massa do planeta, destruindo tudo que encontravam.
Seus objetivos eram dizimar toda forma de vida inteligente e se apossar do
planeta para torná-lo seu mundo.
Sem
tempo para reagir, o jovem foi atingido por uma arma desconhecida disparada por
um dos objetos menores. O tiro certeiro explodiu sua cabeça, espalhando pedaços
de seu cérebro num raio de alguns metros e derrubando seu corpo inerte ao chão,
mergulhando numa imensa poça de sangue e miolos.
Eles voltaram...