Por Maria Ferreira Dutra
Campos
dos Goytacazes, município do Rio de Janeiro.
Elizabeth
Petkovic, uma menina de apenas 14 anos, deixou a população do vilarejo onde
morava aterrorizada. Segundo relatos, depois de sua
morte, as pessoas a ouviam chamar pelos seus nomes e alguns
inclusive reportaram aparições.
Todos
começaram a acreditar que Beth, como também era conhecida, teria sido uma
bruxa.
Sete
dias após a sua morte, seu corpo foi exumado, e para a surpresa de todos
os presentes, havia uma estaca cravada em seu estômago. As pessoas ficaram
sem entender porque esse era um artifício usado para matar vampiros e ali
naquela cidade ninguém nunca havia ouvido falar em ataques de vampiros. E pelo
que se sabe, Beth havia morrido de raiva. Seria Beth uma vampira? O
povo começou a se questionar.
A
dúvida passou a ser uma certeza quando a defunta abriu os olhos, sentou-se e
soltou uma gargalhada, apavorando a todos. Vagarosamente Beth saiu do túmulo
e pôs todos para correr dizendo que estava com sede de sangue.
A
partir desse dia suas aparições se tornaram mais frequentes
e violentas, além de se alimentar do sangue de suas vítimas, Beth as
enterrava vivas, de cabeça para baixo, com o corpo de fora. Em seguida,
cravava suas enormes unhas em seus peitos e os
abria arrancando seus corações e comendo-os.
Para
por um fim nas ações da vampira, os moradores do vilarejo planejaram uma
emboscada. Colocaram um boneco sentado em frente ao cemitério como isca e
o lambuzaram com sangue humano.
Ao
anoitecer, Beth desperta do seu sono e sente o cheiro forte de sangue. Ela vai
em direção ao seu alimento e se aproximou de sua próxima vítima. Beth cheirou,
cheirou, parecia desconfiada, olhava de um lado para o outro como se sentisse
observada. Mas a sua fome era grande e quando se sentiu segura, tirou o
cachecol do pescoço da sua presa e estava prestes a atacar quando foi
surpreendida pelos moradores que estavam a espreita aguardando um momento de
distração da vampira.
Sem
piedade e chance de reação, os moradores armados com estacas afiadas perfuraram
todo o corpo da vampira, para que não houvesse chance de sobrevivência. Por
fim, um rapaz, que havia perdido o pai assassinado pela vampira, tomado pelo
ódio pegou um facão e a decapitou. O povo então a esquartejou e queimaram as
partes do seu corpo em quatro fogueiras, pois tinham medo de colocá-las numa
única fogueira e seu corpo se reconstituir novamente.
Enquanto
as pessoas observavam partes do corpo da vampira ardendo nas chamas, em uma das
fogueiras, a cabeça da vampira de repente saiu rolando em direção às
pessoas, parou e abriu os olhos. Em seguida, soltou uma risada medonha, de
congelar a espinha. Todos se afastaram com medo, mas um senhorzinho, de uns
setenta anos, pegou o primeiro pedaço de pau que encontrou pela frente e o
cravou nos olhos da vampira. Após a cabeça estar devidamente empalada, a
colocou de volta ao fogo.
Ninguém
quis arredar o pé, todos ficaram esperando a fogueira se apagar,
queriam ter certeza de que era o fim definitivo da vampira Beth. E quando a
última labareda se apagou, gritos de vitória foram ouvidos por todos os
lados.
Na
manhã seguinte, quando o serviçal do cemitério foi limpar o que havia sobrado
da fogueira, para sua surpresa, não havia vestígio de nada, nenhum sinal de
cinza, apenas uma frase escrita no chão: Eugênia, eu habito em você.
A
partir desse dia, todas as Eugênias passaram a ser prosseguidas e quando
capturadas eram terrivelmente assassinadas. Mas ninguém nunca soube qual delas
a vampira havia possuído, e na verdade, a Eugênia vampira ainda estava para
nascer.
Durante
o ataque à vampira na porta do cemitério, havia uma mulher grávida entre a
multidão, chamada Soraia. Soraia também estava movida pelo medo e pela raiva e
assim como os demais moradores apunhalou a vampira com toda fúria. Só não
esperava o que viria a acontecer, o sangue de Beth esguichou em seus olhos.
Durante muito tempo ela ficou preocupada em se transformar em vampira também, o
que a levou a se mudar para uma outra cidade, bem distante.
Soraia
teve a sua filha na nova cidade, e tudo transcorreu bem e a transformação que
ela temia nunca ocorreu. Mais tarde, sua filha se casou e veio a engravidar. Em
homenagem a sua tia, que fora morta pelas autoridades da cidade de Campos dos
Goytacazes, por motivo que sua mãe nunca lhe contou, colocou o mesmo nome em
sua filha: Eugênia.