3 de out. de 2023

CRÍTICA DO FILME: ROMASANTA - A CASA DA BESTA

 

Por André Bozzetto Jr

 

       Inicialmente, é preciso fazer a ressalva de que, para curtir adequadamente essa produção espanhola de 2004, é necessário que se evite o impulso natural que temos de sempre associar os filmes recentes que assistimos com outros clássicos do seu respectivo gênero. Esqueça filmes como “A Hora do Lobisomem”, “Grito de Horror” ou “Um Lobisomem americano em Londres”. Esse “Romasanta” é totalmente diferente, e poderia se enquadrado muito mais no gênero drama do que propriamente terror.

       Provavelmente para os apreciadores de filmes de horror, o primeiro nome que chama a atenção quando os créditos surgem na tela é o do produtor Brian Yuzna, responsável pela produção da cultuada franquia “Re-Animator” (sendo que também dirigiu o 2º e o 3º filme da série) e também encarregado da direção de filmes como “A Volta dos Mortos-vivos 3” e o hiper-trash “O Dentista”. O elenco também possui alguns nomes conhecidos, como Julian Sands – falecido recentemente, em 2023 – (“Aracnofobia”, “Warlock – O Demônio”, “Encaixotando Helena”) no papel de Romasanta, a belíssima Elsa Pataky (Beyond Re-animator) e John Sharian, que já fez participações em filmes como “O Operário”, “Drácula II: Ascensão” e “O Resgate do Soldado Ryan”.

       Dirigido pelo então desconhecido Paco Plaza – que posteriormente ficou mundialmente famoso ao dirigir junto com Jaume Balagueró o clássico REC, de 2007 – essa obra mostra uma história supostamente inspirada em um caso real acontecido na Espanha em 1852, quando um tal Manuel Blanco Romasanta foi preso por ter assassinado mais de dez pessoas, e no seu julgamento alegou ter cometido os crimes por se transformar em lobisomem.O filme tem um desenvolvimento lento, mais calcado nos diálogos do que nas cenas de ação, o que pode se revelar um tanto quanto chato para quem aprecia filmes mais dinâmicos e agitados. De qualquer forma, é interessante salientar que a obra se desenvolve em meio a uma ambientação um tanto quanto obscura, e por diversos momentos apresenta algumas cenas bastante pesadas, não economizando no sangue, e mostrando explicitamente imagens de mutilações, animais esquartejados, cadáveres putrefatos e até algumas ousadas cenas de nudez (masculina e feminina). Em uma dessas cenas, em especial, uma garota está tomando banho em uma espécie de banheira improvisada, quando o personagem de Julian Sands chega e começa a masturbá-la. Algo que chama a atenção por nos fazer pensar o quanto seria improvável de se ver cena semelhante na maioria filmes americanos atuais, onde a “caretice” e a censura parecem estar voltando a imperar.

       Um dos pontos altos do filme é a convincente atuação de Julian Sands, que consegue conferir uma personalidade tridimensional ao seu personagem, que hora age com astúcia e fúria no encalço de suas vítimas, e em outros momentos se mostra melancólico e deprimido por ver sua vida seguir um caminho de violência e morte do qual não consegue se livrar.

       Também é interessante a abordagem que é dada para a questão da licantropia, que era vista pelos personagens de forma misteriosa e controversa, apontada por alguns como uma simples, porém pouco conhecida doença mental, e por outros como algo verdadeiramente maldito, obra do diabo.

       Temos ainda uma interessante e nojenta cena de metamorfose, de uma forma bem diferente do que costumamos a ver nos filmes do gênero.

       Entre os aspectos negativos, chama a atenção a já mencionada lentidão, que torna o ritmo do filme irregular e um pouco maçante em alguns momentos, e também a indecisão que marca tanto o roteiro como a própria direção do trabalho, fazendo com que a obra não se defina em apostar em um drama obscuro ou descambar para o terror propriamente dito. O resultado parece ter ficado em um meio termo onde temos a nítida impressão de que faltou alguma coisa para que o filme engrenasse de vez.

       Também não se pode deixar de mencionar o ridículo subtítulo nacional, afinal em nenhum momento o filme concentra suas ações relevantes em uma casa, fazendo que esse “A Casa da Besta” soe tão falso quanto apelativo.

       No geral, “Romasanta” não chega a ser um grande filme, não vai se tornar um clássico do gênero, mas é uma obra bastante original e instigante, e que, ao meu ver, vale a pena ser conhecida.

 

NOTA: As críticas desta seção foram escritas originalmente no início dos anos 2000 e publicadas em diversos sites e blogs da época. Este texto, particularmente, passou por pequenas atualizações para citar a morte de Julian Sands e o sucesso posterior de Paco Plaza.

26 de set. de 2023

CRÍTICA DO FILME: BIG BAD WOLF - A FERA ASSASSINA

 

Por André Bozzetto Jr

 

            É impressionante como existem filmes capazes de despertar sentimentos extremos e opostos na plateia que os assiste. Alguns elogiam, ressaltam as virtudes da obra e se declaram seus fãs, enquanto outros a denigrem e até se irritam com os que ousam elogiar o trabalho por eles odiado. Nos deparamos com situações assim todos os dias, seja nas redes sociais ou em qualquer outro lugar onde um grupo de aficionados se encontre para debater sobre filmes.  São os casos em que se convencionou rotular de “ame ou odeie”, uma vez que não costuma haver meio-termo nessas circunstâncias. E exemplos não faltam, em especial entre os gêneros de horror e suspense. Se formos fazer uma espécie de retrospectiva, poderíamos iniciar pela década de 1980 e citar o controverso “Cannibal Holocaust”, tido por alguns como um filme ousado, inovador e chocante, enquanto para outros não passa de uma obra extremamente apelativa e de mau-gosto. Na mesma década temos os filmes da franquia “Sexta-feira 13”, capazes de despertar paixões extremas em uma imensa legião de fãs, na mesma proporção em que estimula outros a ressaltar suas falhas e classifica-los como toscos e desprezíveis. Na década de 1990 temos “Pânico”, visto por alguns como um filme revolucionário e “salvador da lavoura” do cinema de horror, enquanto outros o classificam como um filme simplório, que apenas repete todos os clichês já vistos em slasher-movies elaborados ao longo das décadas anteriores. Na década atual, talvez tenhamos mais exemplos do que nunca, com os filmes orientais sobre fantasmas vingativos (e seus sucessivos remakes americanos), como “O Chamado”, “O Grito” e “Espíritos”, que apavoram e empolgam uma grande quantidade de admiradores, enquanto enfurecem e provocam atitudes de deboche em outra grande parcela de espectadores. Poderíamos citar ainda como exemplos de obras que “se ama ou se odeia” os filmes do cineasta e músico Rob Zombie (“A Casa dos 1000 Corpos”, “Rejeitados pelo Diabo” e “Halloween 2007”) que sempre geram discussões acaloradas quando entram em pauta. Enfim, a lista de exemplos poderia se estender durante muitas páginas.

            Não por acaso, o filme que é o tema desse artigo também se encaixa perfeitamente no grupo das obras mencionadas acima, pois tanto no exterior quanto aqui no Brasil (onde foi lançado em DVD com o ridículo título de “A Fera Assassina”, que prefiro nem utilizar) ele vem recebendo uma enxurrada de críticas e elogios quase que na mesma intensidade. Trata-se de “Big Bad Wolf”, filme de lobisomem lançado em 2006, roteirizado e dirigido por Lance W. Dreesen, de “A Casa do Terror Tract” (Terror Tract, 2000). Mas, “afinal, o que torna o filme tão controverso?” podem estar se perguntando alguns. É o que veremos a partir de agora.

            O filme inicia de forma muito promissora, mostrando Scott Cowley (Andrew Bowen) e seu amigo Kenge (Martin Dorsla) caçando em uma noite chuvosa nas selvas africanas. Por rádio eles se comunicam com Charlie Cowley (Christopher Shyer), irmão de Scott, que está não muito distante dali, e diz que seu parceiro de caçada simplesmente desapareceu e agora ele está ouvindo barulhos assustadores na mata. Scott e Kenge também passam a ouvir barulhos sinistros nos arbustos que os circundam e não tarda para que sejam atacados por uma enorme e monstruosa criatura. Kenge é morto rapidamente e Scott tem sua perna brutalmente arrancada pelo monstro. Nesse instante, Charlie surge e alveja o monstro, que corre para o interior da floresta. Mas já é tarde para salvar Scott, que acaba morrendo nos braços do irmão.

            A ação corta para sete anos depois, quando Derek Cowley, filho do falecido Scott, está fazendo uma cópia da chave de um chalé pertencente ao seu padrasto Mitchell Toblat, onde ele pretende dar uma festa para convencer um grupo de colegas da faculdade a lhe aceitarem numa fraternidade. Aqui cabe destacar que o ator que interpreta Toblat é ninguém menos do que Richard Tyson, canastrão que já atuou em mais de 50 filmes, dos mais variados gêneros, e que foi imortalizado pelo personagem do temível bad boy Buddy Revell, no divertidíssimo “Te pego lá fora” (Three O’Clock High, 1987), filme de enorme sucesso na década de 1980 e que se tornou um clássico da “Sessão da Tarde” tendo sido exibido e reprisado uma infinidade de vezes na TV brasileira.

            Entre o grupo que vai participar da festa no chalé estão dois casais formados por Jason (Adam Grimes) e Alex (Jason Alan Smith), dois manés metidos a gostosões que só pensar em transar e encher a cara, e suas respectivas namoradas, a interesseira Cassie (Sarah Smith) e a bobinha Melissa (Robin Sydney). A contragosto, também vai com eles a motoqueira Sam (Kimberly J. Brown), melhor amiga de Derek e ostentadora de um visual rocker, com muito couro, piercings e maquiagens pesadas. Depois de horas dirigindo sem conseguir encontrar o chalé, o grupo para na beira da estrada para auxiliar um velho que está tendo problemas com sua camionete. Sam, que é mecânica, logo identifica o defeito e resolve o problema. Em retribuição, os jovens pedem para que o velho lhes indique o caminho para o chalé, e este o faz, mas não sem antes dar os tenebrosos avisos corriqueiros nesse tipo de filme, como “vocês não deveriam ir para lá” e “quando anoitecer não saiam do chalé”. Sem dar muita importância para as palavras do sujeito, o grupo segue o caminho indicado e chegam ao chalé quando a lua cheia já está brilhando no céu.

            A festinha então tem início, e como manda a tradição, é movida por muita bebida, música alta e insinuações eróticas. Apenas Derek e Sam se encontram entediados e sem disposição para o agito.Um ponto interessante a ser destacado até aqui, é que o filme vai se desenvolvendo com um clima que de cara me lembrou o clássico “Um Lobisomem Americano em Londres”, onde tudo acontece em meio a uma leve dose de humor, mas ao mesmo tempo vai acrescentando em seu decorrer uma tensão sutil, porém crescente, que deixa o espectador com aquela sensação de algo ruim irá eminentemente ocorrer em breve. Em certa altura, Alex e Melissa decidem dar um passeio ao luar e o aconchego de uma grande árvore acaba se revelando um lugar propício para uma transa. No quarto do chalé, Jason e Cassie também estão às voltas com as mesmas ideias, embora para o desespero do rapaz, tudo que ele consegue da namorada é uma sessão de sexo oral. Então temos a primeira das cenas que realmente confirmam a intenção do diretor Dreesen em fazer uma divertida homenagem a “Um Lobisomem Americano em Londres”, no momento do primeiro ataque do monstro ao grupo de jovens, onde os enquadramentos, a sequência e a edição das cenas foram montadas de forma idêntica ao primeiro ataque visto na obra de John Landis: Alex e Melissa percebem que alguma coisa está os espreitando e os cercando na escuridão e decidem voltar para o chalé o mais rapidamente possível. Quando começam a andar, Alex cai no chão (com as calças nos tornozelos!) e quando Melissa se volta para observá-lo é subitamente atacada pelo monstro, de forma rápida e brutal. Alex consegue correr para o chalé, mas o lobisomem o segue e rapidamente comete um grande massacre, com direito a mutilações, sangue e tripas para todos os lados e até uma incômoda cena de castração! Para se ter uma ideia da crueldade do lobisomem, ele ainda estupra Cassie antes de rasgar a garganta da moça com suas garras! A muito custo, apenas Derek e Sam conseguem fugir do massacre.

            Na hora da dupla prestar depoimento na delegacia, temos a segunda e definitiva homenagem a “Um Lobisomem Americano em Londres”, quando entra em cena o ator David Naughton, astro do filme de John Landis, e que aqui faz uma participação especial de poucos minutos, interpretando o xerife Joe Ruben. Tudo isso acontece nos primeiros 25 minutos de filme. Desse ponto em diante, Derek e Sam passam a investigar o caso na tentativa de descobrir a identidade do lobisomem, e as suspeitas logo recaem sobre Mitchell Toblat, o padrasto do rapaz, uma vez que Sam viu o carro dele estacionado nas imediações do chalé na noite dos assassinatos. Depois que Charlie Cowley, tio de Derek, aparece trazendo sua própria carga de suspeitas sobre Mitchell, a investigação se torna mais intensa e mais perigosa, uma vez que o lobisomem não está nem um pouco a fim de ser pego. Também se envolvem no caso um grupo de estudantes e aspirantes a jornalistas, que ficam tentando realizar um documentário sobre o massacre do chalé e não param de seguir Derek e Sam. Na verdade, podemos identificar aqui mais uma homenagem aos filmes dos anos 80, pois em “Te pego lá fora”, também protagonizado pelo ator Richard Tyson, havia um grupo idêntico, que ficava tentando fazer um documentário sobre a badalada luta do malvado Buddy Revell na saída da escola. A conclusão da história vai levar todos de volta ao chalé, de onde muito poucos sairão com vida.

            Mas então, afinal de contas, porque tanta gente considera o filme ruim? Em primeiro lugar, porque levam o filme muito a sério, quando na verdade nem ele próprio faz isso. “Big Bad Wolf” é um filme que segue os moldes da grande maioria das obras concebidas ao longo da década de 1980, misturando terror e humor, e que por si só não devem ser levadas a sério, como é o caso, por exemplo, de “A Hora do Espanto”, “A Volta dos Mortos-vivos” e o supracitado “Um Lobisomem Americano em Londres”. Seriedade e coerência certamente não são os elementos predominantes desses filmes, mas isso não faz com que eles deixem de ser extremamente divertidos. E com “Big Bad Wolf” não é diferente.

            Porém, na visão daqueles que abominam essa obra, o maior problema parece ser mesmo o lobisomem. Muitos dizem que a caracterização do monstro é muito tosca, e em partes isso é verdade. Com certeza, o licantropo desse filme não se compara aos de “Grito de Horror” ou de “Um Lobisomem Americano em Londres”, mas isso não é justificativa suficiente para desmerecer a obra, uma vez que os lobisomens de filmes como “Cães de Caça” e “Possuída”, também deixam bastante a desejar em termos de caracterização, e mesmo assim a grande maioria dos fãs de filmes das criaturas licantrópicas consente que se trata de trabalhos muito divertidos e marcantes. Mas o detalhe que mais desperta o ódio nos detratores do filme é o fato de que o lobisomem fala. Isso mesmo, ele fala! E isso torna o filme ruim? Pra mim não. Primeiro, porque não está escrito em nenhum lugar que os lobisomens não possam falar. Ao longo do tempo, os lobisomens usaram roupas (“O Lobisomem”, “O Lobisomem de Londres”), se transformavam quando bem entendiam, inclusive de dia (“Grito de Horror”), foram quadrúpedes (“Um Lobisomem Americano em Londres”), se transformavam de forma progressiva e permanente (trilogia “Possuída”) e tiveram inúmeras outras variações. Era questão de tempo até alguém ter a ideia de acrescentar essa “inovação”, mesmo que isso não signifique lá grande coisa. Até porque, as coisas que o lobisomem fala se resumem a ameaças irônicas e debochadas, no melhor estilo Freddy Krueger, o que acaba realçando a crueldade do mostro. Por exemplo: no inicio, quando alguns personagens estão trancados no chalé, com o lobisomem pelo lado de fora, ele grita “Porquinhos, porquinhos...abram a porta e me deixem entrar ou eu mesmo irei derruba-la!”. Em outro momento, uma turma de jovens foge do monstro e se tranca em um certo aposento. Ao chegarem lá, se dão conta que uma das moças ficou para trás. Então, pode-se ouvir a voz do lobisomem gritando: “Podem se esconder, que eu irei achar vocês! Mas antes vou me divertir um bocado com essa loirinha que vocês perderam no caminho!”. Em seguida, ouve-se os gritos desesperados da pobre garota. Enfim, na minha humilde opinião, o fato do monstro falar não prejudica o filme em absolutamente nada.

            Além disso, o diretor Dreesen se mostrou corajoso ao incluir no seu filme muito gore, com sangue e tripas em profusão, cenas de mutilação, esquartejamento, castração e violência psicológica, misturando a isso doses significativas de sexo, já que temos duas cenas onde personagens aparecem fazendo sexo oral, além da já mencionada cena de estupro e uma outra transa mais “convencional”. Ou seja, não se trata de um filme feito para qualquer público, mas sim para os já iniciados no gênero.

            “Big Bad Wolf” ainda tem outras virtudes, como o fato de todas as atrizes, sem exceção, serem bonitas e sensuais, possuiu uma trilha sonora muito legal, e ainda ganha pontos pelo final extremamente irônico e condizente com o restante do filme, e que deixa o gancho para uma eventual sequência, embora, se isso vier de fato a acontecer, deverá conduzir a história sob outra perspectiva.

            Para finalizar, recomendo que assistam ao filme e decidam se farão parte do grupo que ama ou do grupo que odeia essa obra. De minha parte, pertenço ao primeiro grupo, uma vez que considero “Big Bad Wolf” não apenas um dos melhores filmes de lobisomem feitos na década atual como também uma divertidíssima obra de terror em termos gerais.

 

NOTA: As críticas desta seção foram escritas originalmente no início dos anos 2000 e publicadas em diversos sites e blogs da época.           

18 de set. de 2023

CRÍTICA DO FILME: LUA NEGRA


 

Por André Bozzetto Jr

 

            Lembro que assisti este filme pela primeira vez em VHS, no final de 1996, e uma das primeiras coisas que me chamou a atenção foi a inexplicável opção nacional pelo título de “Lua Negra” quando a versão original em inglês é “Bad Moon” e, portanto deveria ser traduzida como “Lua Má”, que além de mais fiel, também me parece soar melhor e ser mais representativo tendo por base o teor da história. A segunda vez que o assisti foi um ou no máximo dois anos depois, quando ele passou no canal de televisão aberto SBT com o intrigante nome de “Bad Moon – Na lua cheia” e mais uma vez fiquei contrariado com a falta de fidelidade ao nome da obra original. Mas, deixando a questão dos títulos de lado, lembro que em ambas às circunstâncias julguei o filme como sendo fraco e nada memorável. Mais havia um motivo para isso, e só agora me dou conta: eu estava sofrendo de um mal que, na falta de uma opção melhor, vou chamar de “percepção viciada”, cujo principal sintoma é assistir um filme sempre o comparando de forma rigorosa com outro do mesmo gênero. Nesse caso, o filme que era tomado como paralelo comparativo era “Um lobisomem americano em Londres”, que considero não apenas como o melhor filme de lobisomem já feito como também um dos melhores que já assisti em toda minha vida, englobando todos os gêneros. E assim, logicamente, ficou difícil para o “Lua Negra” me agradar, uma vez que até hoje não encontrei outro filme que se equiparasse com o clássico de John Landis, e, obviamente, não seria a modesta obra de Eric Red que atingiria tal meta.

            Bem, depois dessa introdução divagante, vamos ao que interessa: a análise do filme propriamente dita. “Lua Negra” foi roteirizado e dirigido por Eric Red, conforme já mencionado, e para quem não se lembra dele, podemos citar como informação adicional o fato de ele ter feito um relativo sucesso como roteirista na década de 1980, tendo criado os enredos de clássicos da época, como “A morte pede carona” e “Quando chega a escuridão”. No início dos anos 1990, Red também escreveu o roteiro e dirigiu o viajante e violento “Anatomia de um assassino”, que foi exibido e reprisado várias vezes no saudoso Cine Trash da Band. O roteiro de “Lua Negra” foi baseado no livro “Thor”, de Wayne Smith, que mostra a história através do ponto de vista do pastor alemão que dá nome ao livro. Sobre o elenco, o que podemos dizer é que ele é bem reduzido e composto basicamente por atores que na época eram vistos como promessas a astros, mas que com o tempo não foram capazes de fazer suas carreiras decolar. Os melhores exemplos são o garoto Mason Gamble, que surgiu com a clássica adaptação infantil dos desenhos animados “Dennis, o Pimentinha”, mas que atualmente se dedica a fazer pontas em série de TV, e também o protagonista Michael Paré, que atuou em alguns filmes de ação antes de “Lua Negra”, depois ficou basicamente atuando em séries televisivas e atualmente parece ter caído nas graças do famigerado diretor Uwe Boll, que o escalou para atuar em filmes como “BloodRayne”, “BloodRayne II” e “Alone in The Dark II”.

            Quanto ao roteiro, ele é simples e eficiente, sucinto a ponto de fazer com que o filme tenha apenas 80 minutos de duração. O trabalho de direção é igualmente simples e não menos eficiente, com destaque para algumas boas passagens destinadas a criar um clima de suspense é as ótimas cenas de ação envolvendo o lobisomem.

            O filme começa com uma bela imagem de uma floresta isolada no interior da Indonésia, onde o casal de fotógrafos Ted (Michael Paré) e Marjorie (Johanna Marlowe) se preparam para se recolher à sua barraca em um acampamento cercado por nativos indonésios recrutados como assistentes. A lua cheia já desponta no céu enquanto o casal transa em sua barraca, em uma cena de nudez gratuita bem ao melhor estilo anos 80. Nesse meio tempo, algo se aproxima pela mata, e deixa os cavalos desesperados a tal ponto que conseguem romper as cordas que os mantinham presos e fogem em disparada pela floresta. A maior parte dos ajudantes da expedição sai correndo atrás dos animais, deixando apenas um para trás, que logo é atacado por algo vindo detrás das árvores. Ted e Marjorie continuam fazendo amor sem tomar conhecimento de nada, até que a sombra de algo gigantesco e monstruoso surge por detrás da barraca. Em um ataque extremamente violento, um lobisomem invade a tenda, fere Ted e o arremessa para longe, enquanto estraçalha a moça que grita desesperadamente. Rastejando, o fotógrafo consegue pegar um rifle que se encontra próximo a uma mesa e dispara um tiro que explode a cabeça do monstro. É depois dessa empolgante introdução que entram os créditos iniciais. Sabe-se que essa cena inicial foi concebida por Red para ser ainda mais longa e violenta, contando também com cenas de sexo mais explícitas, mas devido à censura ou a preocupação dos produtores com as possibilidades comerciais do filme, acabou sendo reduzida e simplificada até ficar da maneira que está no filme. Inclusive, essa versão estendida do começo da obra pode ser encontrada na internet sem maiores dificuldades.

            Em seguida, através de um corte espaço-temporal, a ação se desloca para uma bela casa campestre nas imediações de uma pequena cidade no interior dos EUA, onde conhecemos Janet (Mariel Hemingway), uma advogada recém chegada de Chicago, seu filho Brett (Gamble) e Thor, o esperto cão de estimação. Nesta cena também aparece um vendedor de livros charlatão, que provoca Thor a fim de fazer com que o cachorro o agrida, com o objetivo de posteriormente pedir dinheiro para Janet em troca de não processá-la por negligência no ataque do animal. Mas como ele está lidando com uma advogada astuta, acaba tendo que ir embora sem um tostão, mas ameaçando voltar para se vingar. Essa passagem tem a clara intenção de mostrar o quanto Thor é protetor em relação aos donos e também introduzir o personagem do vendedor, que mais tarde terá a péssima ideia de retornar em busca de vingança justamente numa sinistra noite de lua cheia.

            Na sequência, presenciamos uma disparatada cena noturna, onde um engenheiro florestal, ou algo que o valha, anda pela mata no meio da noite medindo o diâmetro das árvores. A esfarrapada desculpa para algo tão inusitado é dada através das reclamações do próprio personagem, que diz que ao trabalhar até altas horas ganha “o adicional noturno”. Logo o sujeito se vê perseguido por uma criatura feroz e não tarda à virar comida de lobisomem.

            No dia seguinte, Janet recebe uma ligação de seu irmão Ted, o fotógrafo do início do filme, que convida ela e Brett para visitá-lo em seu trailer, que se encontra estacionado na margem de um grande lago. A visita transcorre agradavelmente, mas Janet repreende Ted por ter ligado para ela apenas agora, uma vez que ele já havia voltado da Indonésia há três meses. O fotógrafo também conta que não está mais com a namorada Marjorie, mas não dá detalhes sobre o que aconteceu a ela. Enquanto isso, Thor está dando um passeio pela mata, nas imediações do local onde está o trailer, e avista sobre uma árvore os pedaços do cadáver do engenheiro florestal morto na noite anterior. Junte a isso um livro sobre licantropia que Brett encontra escondido em meio aos apetrechos do tio, e pronto, mesmo o mais desavisado dos espectadores entende que, após ser atacado na Indonésia, Ted também passou a se transformar em lobisomem, e agora anda fazendo vítimas pela região.

            Depois de retornar para casa, Janet recebe uma nova ligação de Ted, dizendo que gostou muito da visita e que, conforme a vontade da irmã, está indo passar uns dias com ela e Brett. O fotógrafo alega o bem-estar proporcionado pela proximidade com a família como sendo a principal razão para sua decisão, mas vemos também que ele está assustado pela presença de policiais na região, devido à descoberta do corpo do engenheiro florestal. Tão logo chega a casa de Janet, Ted passa a ser progressivamente hostilizado por Thor, que devido aos seus instintos caninos, percebe algo de ameaçador no sujeito. Durante as primeiras noites, o fotógrafo se esconde na floresta e algema-se nas árvores para não atacar ninguém quando se transforma em lobisomem, mas com o passar dos dias, as coisas vão ficando cada vez mais complicadas até o ponto em que o monstro fica à solta, pondo em risco a vida de todos que cruzarem seu caminho.

            Este é o enredo básico do filme, e como se pode ver, é realmente bastante simples. Acredito que um dos principais méritos do diretor Eric Red é justamente fazer uso apropriado dessa simplicidade, construindo de forma eficiente a relação entre os personagens e dando o devido destaque para o lobisomem, que ao contrário da maioria dos outros filmes do gênero, aqui é mostrado de modo claro e direto. Entendo que isso ocorra principalmente pelo fato de que a concepção do lobisomem é algo realmente excelente e ficou a cargo de uma equipe comandada pelo experiente Steve Johnson, responsável pelos igualmente ótimos efeitos das criaturas do filme “Grito de Horror IV – Um arrepio na noite” e também de obras como “A volta dos Mortos-vivos III”, “Cemitério Maldito II” e “A Hora do Pesadelo IV”. Também é interessante mencionar que Johnson foi assistente de Rick Backer na produção dos efeitos especiais de “Um lobisomem americano em Londres”, o que demonstra que ele teve uma formação mais do que apropriada para trabalhar em filmes do gênero. E, de fato, na minha humilde opinião, o lobisomem de “Lua Negra” é o melhor que já vi em um filme sobre criaturas licantrópicas: um monstro bípede, de cerca de 2m de altura, cinzento, forte e voraz. Tudo isso concebido através de efeitos de maquiagem bem elaborados e convincentes, de forma que, mesmo nas cenas de ação, onde o lobisomem corre, salta ou luta com o cachorro Thor, ainda assim se mostra verossímil, algo poucas vezes alcançado em outros filmes similares.

            Sobre a cena de transformação, sempre tão aguardada pelos fãs desse tipo de filme, o que posso dizer é que ela é um tanto irregular, mesclando alguns ótimos efeitos de maquiagem com outros feitos em computação gráfica que, como de costume, deixam bastante a desejar. De uma maneira geral, a transformação não está à altura do lobisomem em si, que depois de completamente metamorfoseado possui um visualmente realmente arrasador.

            Acredito que apenas a possibilidade de ver em ação um lobisomem tão bem feito já seria motivo suficiente para recomendar o filme, mas “Lua Negra” tem outros aspectos positivos, como a boa atuação do elenco e em especial de Michael Paré, que convence no papel de um homem deprimido e atormentado por uma maldição da qual ele não sabe como se livrar e que progressivamente vai pondo a perder tudo que ele ama. Outra coisa legal foi a homenagem ao clássico “O Lobisomem de Londres”, de 1935, que Brett aparece assistindo na TV em um determinado momento. Temos ainda a já mencionada cena de abertura, que considero um dos pontos altos do filme, e também o último e empolgante ataque do monstro onde boa parte da casa de Janet foi destruída. As imagens de um lobisomem gigantesco correndo por dentro dos cômodos apertados de uma casa, trombando e destruindo tudo que vem pela frente de forma furiosa é algo a ser lembrado para qualquer possível antologia de melhores momentos de filmes sobre criaturas licantrópicas.

            Mas apesar dos méritos, “Lua Negra” também tem seus evidentes defeitos. Não há como não se irritar ao ver o enorme tempo que é preciso para Janet se dar conta de que existe algo de muito errado com o irmão, pois a impressão que temos no início do filme é que ela é uma mulher muito inteligente e perspicaz. Igualmente, não parece fazer muito sentido para a lógica da história a afirmação de Ted de que os lobisomens podem se transformar com qualquer lua, uma vez que sempre que o monstro aparece o diretor faz questão de mostrar uma enorme lua cheia brilhando no céu. Por fim, o que mais me desagrada nessa obra é ver as grandes dificuldades enfrentadas pelo lobisomem nas cenas em que ele luta com o cachorro Thor, pois, sob a minha ótica, um monstro de enorme envergadura como aquele deveria ser capaz de partir um cão ao meio com um ou dois golpes, diferentemente daquilo que é mostrado no filme. Mas, obviamente, isso é só uma questão de ponto de vista sobre um detalhe específico da obra, que em nada denigre os méritos de sua totalidade.

            Após essa longa análise, motivada por uma observação do filme de forma menos negativamente engajada do que nas primeiras vezes que o assisti, não apenas passei a encarar o filme de Eric Red de forma muito mais positiva, como ainda arrisco afirmar que, embora não possua o brilhantismo da trinca de clássicos da década de 1980 (“Um lobisomem americano em Londres”, “Grito de Horror” e “A Hora do Lobisomem”), ainda assim “Lua Negra” é o melhor filme de lobisomem dos anos 1990. Quem é fã do gênero poderá olhar em retrospectiva para os filmes realizados nessa década e verá que, além deste, as únicas produções portadoras de maior destaque foram “Lobo” (1994), de Mike Nichols e “Um lobisomem americano em Paris” (1997), de Anthony Waller, de forma que quem conhece tais obras provavelmente irá me dar razão.

 

NOTA: As críticas desta seção foram escritas originalmente no início dos anos 2000 e publicadas em diversos sites e blogs da época.

12 de set. de 2023

CRÍTICA DO FILME: DOG SOLDIERS - CÃES DE CAÇA

 

Por André Bozzetto Jr

 

            Imagine que você é o líder de um grupo de seis soldados num exercício de rotina do exército... E que algo sai terrivelmente errado. Você está atrás das linhas inimigas.Seus homens são inexperientes. E você não tem munição de verdade. Isolados na mais deserta e hostil escuridão. Que são iscas numa armadilha montada por forças governamentais. Imagine que o sol começa a dar lugar a uma enorme lua cheia. Que uivos arrepiantes podem ser ouvidos ao longe. Imagine que a sensação de que, a qualquer momento, vocês podem ser atacados por lobos assassinos está cada vez mais latente...

 

            Essa é a sinopse oficial do filme “Dog Soldiers – Cães de Caça”, uma produção inglesa de 2002, dirigida e roteirizada por Neil Marshall. Em um primeiro momento, o espectador mais desavisado pode achar esse resumo pouco atraente, e quem sabe até cometer o erro de julgar a obra desinteressante. Porém, a realidade nos mostra justamente o contrário: “Cães de Caça” não só é um dos melhores filmes de lobisomens concebido após “Um Lobisomem Americano em Londres” como também consiste num dos melhores filmes de terror de sua época. O ponto mais empolgante dessa obra é a surpreendente atuação do elenco (tão bom quanto desconhecido), que confere aos soldados uma condição de desespero e transtorno tão realistas que se torna quase impossível não se deixar envolver. É claro que o diretor tem grande mérito nesse quesito, pois soube criar com muita propriedade um clima sombrio, denso e instável, que deixa o espectador o tempo inteiro em estado de alerta para alguma iminente surpresa.

            Certamente, outro aspecto que contribui para o resultado final desse filme ser tão satisfatório, é o dinamismo do roteiro, que apesar de possuir algumas facetas mais complexas (evidenciadas através dos diálogos), se desenvolve de forma bastante dinâmica, não deixando o pique cair em nenhum momento. Basicamente, o que temos é um grupo de soldados despreparados, mal equipados, assustados e feridos tentando a todo custo se defender do ataque de um grupo de lobisomens em meio a uma floresta distante e isolada. Não vou entrar em detalhes sobre as reviravoltas na trama e as “revelações” de certos personagens para não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu. Mas posso assegurar que tudo é mais grave e difícil do que parece ser.

            Como destaque, eu diria que toda a primeira metade do filme é digna de méritos. Desde os súbitos ataques dos lobisomens até a correria desesperada dos soldados em meio a mata, tudo é registrado de forma fantástica. O diretor Neil Marshall conseguiu um excelente resultado ao mesclar cenas de violência extrema e explícita com outras mais sugestivas e indiretas. Inclusive, em alguns momentos a exposição de sangue e vísceras é tamanha, que nos leva a deduzir que a equipe responsável pelos efeitos deve ser fortemente influenciada pela antiga escola splatter italiana, ou pelo menos, grandes fãs de Tom Savini.

            A partir da metade do filme, quando os sobreviventes se trancam em um casarão deserto, os sustos se tornam um pouco menos frequentes, e a história passa a introduzir uma série de informações que ajudam a compreender o real significado da inusitada condição em que o grupo de militares se encontra. Mas como já foi mencionado anteriormente, em nenhum momento o filme se torna monótono, sendo que mesmo os momentos de aparente calmaria são quase sempre apenas uma deixa para pegar o espectador de surpresa antes de uma nova sessão de horror e desespero.

            Mas como nem tudo é perfeito, esse filme também possui alguns aspectos negativos impossíveis de não serem mencionados. Em primeiro lugar, aquele que costuma ser o maior problema de 99% dos filmes recentes de terror: o excesso de situações batidas e repetitivas em meio ao roteiro. Ao assistirem esse filme, certamente os fãs mais antigos irão identificar logo de cara situações que já foram vistas de forma bem semelhante em outros filmes, como “Grito de Horror”, “A Noite dos Mortos-vivos” e até mesmo no recente “Sinais”.

            Em relação a parte técnica do filme, chama a atenção o fato de que os movimentos de câmera e a sucessão de ângulos e enquadramentos se desenvolve de forma muito frenética, sendo que em alguns momentos a velocidade com que as imagens são exibidas e sucedidas é tão grande que fica até difícil distinguir com clareza o que está se passando. Talvez esse recurso tenha sido usado propositadamente pelo diretor com a intenção de desorientar o espectador, aumentando assim a sua condição de desconforto, ou também é possível que ele tenha feito isso simplesmente para não mostrar diretamente os lobisomens, deixando isso mais para o final do filme.

            Mas de qualquer forma, esses contrapontos não são suficientes para tirar os méritos dessa obra. E por falar nisso, é interessante notar que além de ser um grande filme, “Cães de Caça” também poderia ser visto com destaque por trazer de volta uma antiga tendência: Quando os europeus querem (em especial os ingleses e italianos), eles são capazes de produzir filmes tão bons ou até melhores que os americanos. Somente para citar um exemplo, é interessante lembrar que durante os anos 80 o cinema fantástico produzido nos EUA estava bastante direcionado para os chamados “terror adolescente”, onde não faltavam slashers a lá “Sexta-feira 13” e filmes de vampiros como “Garotos Perdidos”. Em meio a várias produções divertidas e interessantes, surgiam também inúmeras bombas, que mais pareciam comédias do que propriamente filmes de terror. Além do que, franquias de sucesso como “Halloween” e “A Hora do Pesadelo” começavam a ficar desgastadas, com filmes fracos e repetitivos, o que contribuía para a ideia de que, naquela década, o gênero ainda teria muito pouco a oferecer. E então o que foi que os ingleses fizeram? Apareceram em 1988 com “Hellraiser”, um filme extremamente violento, pesado, sádico e até pervertido em alguns aspectos. Todo mundo sabe que esse filme fez grande sucesso, iniciando uma longa franquia e servindo como referência para toda uma nova onda de filmes que surgia, dessa vez voltando a apostar em temáticas mais “sérias”. E isso sem falar nos filmes italianos, especialistas em zumbis e canibais, mas que infelizmente nunca obtiveram o reconhecimento que mereciam.

            Para finalizar esse artigo, fica o pesar por “Cães de Caça” não ter sido exibido nos cinemas brasileiros, pois é bastante provável que com uma boa divulgação ele pudesse ter tido um ótimo desempenho nas bilheterias. Potencial para isso com certeza ele tem.

        Aqui no Brasil, a “Play Arte” lançou “Cães de Caça” diretamente em DVD e VHS. Não deixe de assistir.

 

NOTA: As críticas desta seção foram escritas originalmente no início dos anos 2000 e publicadas em diversos sites e blogs da época.